Minha, sua, nossa São Paulo: pontos turísticos para visitar na capital paulista

As restrições de viagem da pandemia reproduziram no Brasil algo que ocorreu na Itália: uma redescoberta dos encantos da cidade por seus moradores

PASSEIOS por Alvaro Leme e Gabrielle Torquato – Fotos Facundo Guerra | Matéria publicada na edição 116 da revista Versatille.

 

Você já deve ter ouvido amigos falarem que não visitam locais turísticos da cidade onde moram. Uns por preguiça de lidar com a quantidade de gente, outros porque sempre deixam para outro dia – não vai faltar oportunidade, coisa e tal. Um efeito inusitado do distanciamento social que vivemos em 2020 tem a ver com isso. A desaceleração da rotina, ainda que parcial, permitiu que muita gente visse com outros olhos o charme de ruas, praças, monumentos e passeios a seu redor. Aconteceu em Veneza, onde os locais fizeram bom proveito das restrições de viagem. E em São Paulo, uma cidade cujos encantos são frequentemente escanteados por jobs, calls, deadlines e similares.

 

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Este texto tem o objetivo de fazer os leitores (re)conhecerem a capital paulista, e conta para isso com imagens espetaculares feitas pelo empresário Facundo Guerra, um eterno apaixonado por São Paulo. Em sua maioria criadas com drones, suas fotos mostram ângulos atípicos para pontos da cidade pelos quais normalmente passamos mais preocupados com o que está na tela do celular (ou com o próprio celular, o que não deixa de ser prudente) do que com o mundo ao redor.

 

Lembre-se: nas condições normais de temperatura e pressão, a dura poesia concreta de nossas esquinas atrai até 15 milhões de turistas. Motivo de sobra para você pegar sua máscara e seu álcool em gel e encarar um rolê que o pessoal de fora faria.

 

 

Primeiro lugar do roteiro: Marco Zero. Criado nos anos 1930 para demarcar a numeração das vias públicas, fica na Praça da Sé. O prisma hexagonal revestido de mármore é a representação do centro geográfico da capital, ou seja, local onde todas as medições de distâncias paulistanas se iniciam. Aproveite para encher os olhos com a Catedral, logo em frente. No mesmo passeio, bata perna pela Liberdade, que fica pertinho. E permita-se tirar fotos emolduradas pelas icônicas lanternas do bairro, chamadas suzuranto, como faz quem vem de fora. Além, claro, de comer deliciosos pratos de origem asiática, outro grande atrativo dali.

 

Ainda no centro, dê uma chegada na Galeria do Rock, também próxima. O famoso centro comercial passou por maus bocados com o fechamento necessário para conter o contágio do coronavírus. Além de contemplar a bela arquitetura do projeto de Maria Bardelli e Ermanno Siffredi, criado nos anos 1950 e inaugurado em 1963, você pode fazer umas comprinhas para fortalecer a retomada do comércio local. As lojas estão com horário reduzido, então dê uma olhada nas redes sociais do espaço antes de ir.

 

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Nosso itinerário histórico primou por lugares abertos, ideais para o momento pré-vacina que atravessamos, razão pela qual a próxima dica é o Pátio do Colégio, também no centrão. Primeira construção de São Paulo, finalizada em 25 de janeiro de 1554, é considerada um sítio arqueológico, pois guarda a história da catequização dos indígenas. Fica numa praça cercada por antigos casarões e possui um monumento em homenagem aos fundadores da cidade.

 

É possível que, ao perambular por todos esses pontos, você passe, em algum momento, por dois importantes (e belos) viadutos: o do Chá, de 1892, pertinho do Teatro Municipal, e o Santa Ifigênia, com seu chão geométrico, inaugurado em 1913. Aposto que muitos moradores da capital só veem essas vias em novelas e filmes, o que é mais um motivo para conhecer pessoalmente. Talvez você também passe perto do Edifício Altino Arantes, hoje conhecido como Farol Santander. Não reabriu ainda, sorry!

 

Vamos a mais cartões-postais, acelerando o passo deste texto-conversa, porque temos espaço limitado para falar de uma cidade poeticamente infinita. Número 1: Avenida Paulista, ponto de encontro de gente de todos os tipos, lugares e turmas. É, o Masp ainda não pôde reabrir, mas sua beleza arquitetônica já vale a visita. E tem pastel perto. Número 2: Parque Ibirapuera. Vá, mas nada de aglomerar, hein! Número 3: Beco do Batman, na Vila Madalena, campeão de posts no Instagram com suas paredes repletas de arte colorida. Número 4: Praça do Pôr do Sol, no Alto de Pinheiros. O nome do lugar já entrega seu ponto forte. Número 5 e último, mas não menos importante: o Museu do Ipiranga, que fechou para reformas em 2013. O edifício-monumento não tem como ser visitado, mas o parque no entorno, sim.

 

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Áreas verdes e abertas para ir com a família também merecem atenção em seu roteiro. Especialmente o Jardim Botânico e o Parque Zoológico. O primeiro, fundado em 1928 pelo naturalista brasileiro Frederico Carlos Hoehne, é lar de 380 espécies de árvores e animais como tucanos-de-bico-verde, preguiças e bugios. O segundo é um passeio leve e, dentro do possível no cenário da covid-19, seguro. No fim das contas, é isso que importa para todos nós, certo?

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