Olivier Rousteing: de menino prodígio da moda a diretor criativo da Balmain

Neste #Pride2020, conheça a trajetória do designer gay e negro que faz história na maison francesa

Por Maria Alice Prado

 

A Balmain vem experimentando mudanças positivas – e lucrativas – na última década. Os dois maiores destaques deste bom momento são seu lucro anual, que saltou de 24 para 150 milhões de euros em oito anos, e o recentíssimo anúncio de sua primeira coleção sustentável, a Caps Collection PS21, com produtos em algodão orgânico certificado pela Ecocert. Por trás disso tudo, um nome forte: Olivier Rousteing, diretor criativo da maison desde 2011 e único homem gay e negro a ocupar este cargo entre as grifes francesas.

 

A ascensão do designer francês é um case de sucesso no mundo da moda, e o caminho até o topo foi duro, de muita superação. Publicamente crítico em relação ao racismo e à homofobia, politizado e talentosíssimo: conheça aqui a história de Rousteing.

 

 

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Deixado em um orfanato aos sete dias de vida, na pequena e conservadora Bordeaux (França), Olivier foi adotado aos cinco meses por um casal branco, Bruno-Jean e Lydia. Mesmo com um padrão financeiro agradável, o pai e a mãe não conseguiram blindar o garoto de uma infância repleta de preconceitos na tradicional cidade católica.

 

Olivier bebê no colo do pai, Bruno-Jean

 

Na escola, era comum ele escutar comentários racistas e homofóbicos. Na adolescência, um dos mais impactantes foi: “Se você gosta de moda, você é gay”. Estavam certos, e ainda bem que a agressividade dos colegas não o impediu de seguir adiante tanto em seu talento quanto na aceitação de sua sexualidade.

 

A descoberta racial no documentário “Wonder Boy”

 

Até 2019, Rousteing acreditava ser filho biológico de um casal inter-racial que não havia podido assumir seu amor. Na verdade, ele criou essa história por causa de seu tom de pele claro e do fato de ter sido deixado no orfanato, como conta no documentário “Wonder Boy”, dirigido por Anissa Bonnefont. Foi durante a filmagem da produção, acessando os registros de sua adoção, que descobriu e se surpreendeu com suas origens.

 

Cena de “Wonder Boy”

 

As convicções estavam erradas. Sua mãe era somaliana e seu pai, etíope – ambos negros com tom de pele mais claro, como o seu. A descoberta fez com que Olivier levantasse ainda mais o posicionamento sobre uma das partes mais importantes de sua vida, e tão dolorida na infância e na adolescência: o racismo. “Eu sou afro-africano. Eu sou preto. É desconcertante descobrir, na casa dos 30 anos de vida, que os mitos que você contou a si mesmo a vida inteira, mesmo sabendo que os havia inventado, estavam todos errados”, desabafou o designer no longa.

 

“Wonder Boy” estreou na frança no segundo semestre de 2019. Por enquanto, não há previsão de lançamento no Brasil, mas você pode assistir ao trailer:

 

 

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Menino prodígio: a entrada de Rousteing no mundo da moda

 

O racismo e a homofobia não impediram que Olivier deslanchasse no mundo da moda. Com uma estrutura familiar sólida, ele se formou na École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode, em Paris, e conseguiu sua primeira (e grande) oportunidade de trabalho como assistente na italiana Roberto Cavalli.

 

Em 2009, o menino prodígio foi fisgado pela Balmain, onde começou a trabalhar em parceria com seu mentor, Christophe Decarnin, então diretor criativo da casa. Quando o mestre deu adeus à maison, em abril de 2011, Rousteing fez história: com apenas 25 anos, tornou-se o segundo mais jovem estilista a alcançar o topo de uma maison do circuito da alta costura mundial.

 

 

Queridinho das famosas e o “Balmain Army”

 

Rousteing é hard user do Instagram, onde compartilha seu dia a dia, seu trabalho e sua amizade com Jennifer Lopez, Naomi Campbell, Kim Kardashian (e todas as Kardashian-Jenner), Gigi Hadid, Beyoncé e Rosie Huntington, entre muitas outras. Queridinho das famosas, ele criou o “Balmain Army”, um grupo de pessoas que não abre mão de vestir suas criações em eventos, tapetes vermelhos e campanhas.

 

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Cintura marcada, ombros empinados e costas de fora são algumas das marcas do design de Rousteing na Balmain. Com a visão de sua própria geração – ele hoje está com 34 anos -, o estilista dá à grife uma perspectiva contemporânea do estilo de vida de seu público.

 

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Fotos: Reprodução/Instagram Olivier Rousteing

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