Ski em Park City: o seu próximo destino de neve
Não faltam atrativos em Park City, Utah. De pistas para veteranos e iniciantes a noite animada ou hotéis sossegados para curtir o charme nevado do oeste americano
Estações de esqui e snowboard nos Estados Unidos estão no topo da lista de destinos para os turistas brasileiros que querem trocar o calor do verão pelo charme da neve. Sejam esquiadores de primeira viagem, sejam veteranos do esporte, eles rumam em direção ao Hemisfério Norte buscando a mistura da aventura dos esportes de inverno com a exclusividade e a sofisticação das estações e resorts. Há muitos fatores a serem considerados na procura do destino perfeito: clima, nível técnico da montanha, quantidade de turistas, facilidade de acesso (tendo em vista os aeroportos internacionais) e atividades além dos esportes.
Um destino que se destaca é Park City, cidade em Utah. Apesar de ser uma das estações de esqui mais famosas, ainda não é um local muito explorado por brasileiros. Fica a cerca de 50 quilômetros da capital, Salt Lake City, e mantém a atmosfera tranquila de cidades pequenas do Oeste americano. Ou seja, não se tem aquela sensação de centro turístico.
Para os esquiadores mais experientes, Utah é considerado um dos estados com o melhor tipo de neve, e Park City oferece duas estações que são referência no mundo todo: Park City e Deer Valley. Não à toa, foi anfitriã das Olimpíadas de Inverno de 2002.
Park City tem a maior área de esqui nos Estados Unidos. O resort é dividido em duas bases principais, com hotéis, restaurantes e espaços de shows e eventos que acontecem o ano todo. São conhecidos pelo in-out skiing. Ou seja, os visitantes podem ir e vir esquiando direto da rua principal da cidade e dos seus quartos de hotel na base da estação para a montanha. Além disso, para os iniciados no esporte, há algumas cabanas, ou lodges, no meio da montanha com serviço de bar e restaurante.
A estação é ideal para aqueles esquiadores que gostam de variar trajetos. Afinal são mais de 300 pistas para todos os níveis e estilos. De caminhos longos e largos a trilhas de corrida e tubbing, cada praticante pode escolher o trajeto mais adequado para suas habilidades, sem ter que compartilhar a descida com praticantes muito mais avançados ou básicos. Isso é um grande benefício, principalmente para aqueles que estão aprendendo o esporte, uma vez que a sensação de poucas pessoas ao redor permite que cada um siga o seu ritmo de descida, seja este rápido ou devagar, podendo cair e se levantar sem grandes transtornos para os outros esquiadores.
Park City faz parte da rede Vail Resorts, grupo responsável pelas principais estações de esqui e snowboard do Hemisfério Norte, o que facilita para quem pretende esquiar em mais de uma cidade. O grupo disponibiliza diferentes categorias de Epic Pass, o passe para utilizar a estação, que podem ser tanto pelo número de dias de visita como por temporada.
Já Deer Valley é considerada a estação de esqui mais exclusiva e luxuosa do país. O serviço todo da montanha é de altíssimo padrão, e os restaurantes são provavelmente os melhores. No entanto, a exclusividade – e a melhor notícia – para os esquiadores mais puristas está no fato de que a prática de snowboard é vetada. Ou seja, a estação é somente para esqui.
O motivo do veto do snowboard tem a intenção de fazer com que a experiência de esquiar em Deer Valley possa ser individual. Antes que os snowboarders se ofendam, é importante destacar que o ritmo de descida entre as duas modalidades é muito diferente. O snowboard precisa de muito mais velocidade, e por isso desce a montanha fazendo poucas curvas, enquanto o prazer do esqui é descer a montanha em grandes curvas. Como uma esquiadora já veterana, admito que a experiência de esquiar em uma montanha assim foi única. A exclusividade da montanha também se dá pelo fato de a estação limitar o número de esquiadores por dia. Assim consegue manter a alta qualidade de seus serviços e espaço nas montanhas e lifts.
Apesar de ter mais de 100 pistas de esqui, Deer Valley é mais adequada para esquiadores intermediários e avançados. Mas mesmo, mesmo com poucas opções para os principiantes, a visita à estação é imperdível. Além da base espetacular, há diversas cabanas na montanha com serviços que permitem aos esquiadores descansarem entre suas descidas. É uma estação ideal para quem gosta de fazer pistas longas e passear na montanha.
As duas estações oferecem serviços de spa e aluguel de equipamento. Há também a contratação de aulas de esqui para todos os níveis, particular ou em grupo. E destaco: as aulas são necessárias para quem está começando no esporte. Também podem ser uma ótima opção para conhecer melhor as diferentes pistas das estações.
Além da qualidade de suas estações de esqui, a cidade atrai artistas e celebridades do mundo inteiro por ter uma grande variedade de lojas, restaurantes e galerias de arte e ser a sede do maior festival de cinema do país, o Sundance Film Festival, idealizado por Robert Redford, e que acontece anualmente em janeiro. A variedade de atividades dentro e fora da neve permite que os esquiadores aproveitem o dia mesmo depois que as estações já tenham sido fechadas.
A forte cena cultural de Park City pode ser explicada por sua história bastante inusitada. A cidade passou por diversas transformações desde a sua fundação, em 1868, quando surgiu como um vilarejo minerador de prata. Com o fechamento das minas da região e a popularização do esqui entre as décadas de 1930 e 1950, passou por diferentes migrações. No entanto a maior transformação foi na década de 60, com a chegada de uma população mais hippie. A nova geração de pessoas tinha uma visão mais cultural e artística, que marca o estilo presente ainda nos dias de hoje na Main Street.
No centro da cidade também há grande concentração de bares e restaurantes, sofisticados e mais simples, para atender aos diferentes tipos de turistas. São excelentes opções para o Après Ski, a parte favorita de muitos esquiadores. Nada mais é que um happy hour, após o dia de esqui, quando todos voltam à base da montanha.
A cena gastronômica acompanha a sofisticação de seus turistas sem perder a personalidade do Oeste americano rústico. Pela proximidade com a montanha, alguns dos melhores restaurantes e bares são parte das estações de esqui, caso do The Brass Tag e do The Mariposa, dentro de Deer Valley. Na estação Park City, o Butcher’s Chop House and Bar também é uma ótima opção para os visitantes que buscam algo elegante sem ser pretensioso. Tem um menu de clássicos americanos em formato mais sofisticado.
E para quem quer se afastar um pouco da montanha, rumo a um ambiente um pouco cosmopolita, uma opção excelente é o Handle, do chef Briar Handly. É um dos mais renomados de Utah, usa apenas ingredientes produzidos na região e muda o cardápio a cada temporada. Fletcher’s Park City é uma dica para ambiente mais sofisticado entre bar e restaurante, com menu moderno e coquetéis caprichados.
A vida noturna de Park City é como poucas no país: há bares para vários estilos e gostos.
Fora do circuito de hotéis e resorts, há destilarias e bares que transportam qualquer pessoa para o Velho Oeste, como a High West Distillery. Parece cenário de filme. É conhecida por seus drinques fortes, que misturam uísque e bourbon fabricados na própria destilaria. O mais inusitado é que é a única destilaria no mundo em que se pode ski-in-ski-out. Mas, cuidado, se beber não esquie.
DESTINO por Miriam Spritzer | Matéria publicada na edição 113 da Revista Versatille