Esqueça os jet setters e bilionários: Mykonos também é para quem quer fugir da badalação
Direto da Grécia, Daniela Filomeno descreve os encantos que fazem da ilha o destino de férias de famosos de Hollywood, jet setters e bilionários
Não sei você, mas eu já entrei no Instagram e tive a impressão de que só todo mundo estava em Mykonos. Menos eu. Isso no ano passado, porque neste verão europeu também eu voltei para a ilha grega que caiu nas graças dos brasileiros, já que oferece opções para todos os bolsos e gostos.
Confesso que, quando surgiu a opção de férias em família aqui, não foi algo que me encheu os olhos. Já conhecia, mas me desafiei a entender que encantos desse paradisíaco pedaço da Grécia fazem as pessoas caírem de amor – e buscar uma Mykonos que todo mundo mostra. Agora, será que a ilha grega é ideal para quem está buscando férias sem agitação?
Foi isso que fui descobrir. Embora eu tenha citado os brasileiros, a verdade é que Mykonos atrai gente do mundo todo. Alguns muito famosos, como os astros de Hollywood Leonardo DiCaprio e Demi Moore, estrelas das redes sociais, como a modelo Kendall Jenner, além do bilionário britânico Richard Branson. Celebs e jet setters chegam atraídos pelo clima quente, que vai do fim de junho a setembro – em média, faz 26. Nos dias mais quentes pode chegar a 32. Como venta muito, não se tem a sensação de calor excessivo.
As diferentes combinações visuais de mar e montanha também enchem os olhos dos visitantes, especialmente quando essa beleza natural se junta à arquitetura tradicional e charmosa. Moinhos de ventos, casinhas brancas, igrejas de cúpulas vermelhas e azuis… Além do agito incessante de beach clubs, nos quais é impossível fugir da sensação de que a vida é uma festa sem hora para acabar.
Música animada em alto volume, garrafas e garrafas de bebidas premium em quantidades que rivalizam apenas com a proporção enorme de gente bonita espalhada nas mesas (às vezes em cima delas). Ah, sim! Eles ficam debruçados em praias paradisíacas, além de tudo. A materialização do hedonismo, não?
Esses beach clubs, assim como os restaurantes mais disputados, requerem programação prévia. Faça reserva! Aqui vão os principais: Liasti, Scorpios, Alemagou, Principote Panormos, Nammos, além dos descolados Spilia e Buddha Bar, no melhor estilo almoço para ver e ser visto, mas sem afetação. Como tudo é organizado com reservas, nesses estabelecimentos há hora para se levantar da mesa. Antes mesmo que você pense em pedir uma sobremesa, a conta já é entregue a você.
Tem multidões de gente e um trânsito que às vezes dá aquela sensação de Marginal Tietê – guardadas as devidas proporções, naturalmente. Quer fazer um almoço simples e delicioso em uma taverna grega? A tradicional comida grega pode ser encontrada em restaurantes como Tasos Taverna, em Paranga; restaurante Katrin, Kiki’s Tavern, em Agios Sostis; ou mesmo no Niko’s Taverna (Centro Antigo, mais turística). Saladas mediterrâneas, polvo ou peixe na grelha e vinho local é o que encontrará por aqui – mais delicioso impossível.
Para fugir de agito no jantar, vale ir ao Kalita, que oferece uma atmosfera mais intimista. Ou ao Koursaros, especializado em peixes. Não deixe de visitar também o tranquilo Nautilus ou o tradicional Avra, que é supercharmoso, na mesma linha do Mamalouka, ambos no Centro Histórico.
Ao chegar a lugares badalados, como o restaurante Interni, com seu pátio branco onde passeiam garrafas magnum de champanhe soltando faíscas, tenha paciência: mesmo com reserva ainda se espera muito no bar – e não acho a comida tão boa, por isso priorizei desta vez boa gastronomia. Afinal estamos na Grécia, uma das melhores culinárias do mundo.
Prepare-se para pôr a mão no bolso, pois os preços de tudo em Mykonos refletem o glamour que se criou em torno do nome. Das diárias de hotéis à consumação em estabelecimentos, tudo nas alturas. Por falar em acomodações, são muitas as opções de hospedagem, de hotéis no Centro Antigo a outros no epicentro do agito. Muitos têm praia privativa. Agora, são poucos os que não permitem acesso de não hóspedes – leia-se, mais tranquilidade e espaço.
Alguns, como o Santa Marina, na Baía de Ornos, têm uma badalação gostosa e chique, já que abriga o Buddha Bar, com uma estonteante praia privativa, espreguiçadeiras e serviço atencioso – exclusivo para hóspedes. A modelo Alessandra Ambrósio atualizava seu bronzeado em uma das espreguiçadeiras sem ser incomodada, enquanto um famoso jogador de basquete americano curtia com seu filho pequeno, que brincava na areia com outras crianças.
Será que Mykonos está começando a saturar? Talvez, mas ainda vale a visita, tanto para quem vai em busca da “nova Ibiza”, como é chamada na imprensa internacional, quanto para quem quer se perder nas ruas labirínticas do Centro Antigo. É gostoso passar horas por ali, entrando e saindo de lojas locais que dividem espaço com grifes e multimarcas com seleções de estilistas gregos.
Concluí que é possível aproveitar a ilha grega na direção contrária da agitação e me rendi aos seus encantos. Ela é muito mais plural do que pa-rece pela tela do celular. Foi uma surpresa muito gostosa.
Mykonos fica no centro do arquipélago das Cíclades, que tem as ilhas de Tinos, Syros, Naxos e Delos. Alugue um barco e vá visitar esta última, a maior delas, que respira história. Diz a mitologia grega que foi o local de nascimento dos deuses Apolo e Àrtemis e, por isso, tornou-se lugar de peregrinação.
Na pequena ilha sagrada de 5 km por 2,5 km viveram mais de 25 mil pessoas na sua época áurea. Centros comerciais, templos, residências, teatro grego e um museu são parte do complexo histórico, datado de 300 a.C. Em 700 a.C., Delos era um importante centro religioso. Mais tarde se tornou um destacado porto comercial. Hoje é um museu arqueológico ao ar livre. É possível ver não só ruínas, mas também colunas e mosaicos originais.
A região recebeu o nome de Cíclades por circundar Delos, por sua importância religiosa e comercial e também devido à sua localização. Destaque para a Casa da Cleópatra, onde há duas estátuas dos donos da casa (não é da rainha egípcia), a Casa de Dionisio, a Casa de Baco (que leva este nome pelo rico mosaico em homenagem ao deus do vinho), a Casa do Tridente, o Templo de Hera, o Terraço dos Leões, os Santuários dos Deuses Estrangeiros, o Santuário de Apolo e o Lago Sagrado.
*Por Daniela Filomeno