Bao: conversamos com as responsáveis pelo curta vencedor do Oscar 2019
Animação da Pixar é a primeira do estúdio a ser dirigido e produzido por mulheres
A produção Bao recebeu o Oscar de melhor curta-metragem de animação em 2019. Estreiou no cinema como o curta de abertura do o filme Os Incríveis 2, da Pixar, e pode ter passado quase desapercebido pelo público geral como apenas uma história bonitinha sobre a síndrome do ninho vazio de uma família sino-americana. No entanto, a obra marca o primeiro curta animado da Pixar criado e dirigido por mulheres.
Dirigido por Domee Shi e produzido por Becky Neiman-Cob, Bao conta a história de um dumplin (um tipo de pastel tradicional chinês) que se transforma em um bebê. A mudança faz com que, por consequência , os novos pais tenham que se adaptar às novas realidades e desafios da situação.
Tive a oportunidade de conversar com Shi e Neiman-Cob sobre a produção à época da estréia do curta em Nova Iorque, antes da vitória da produção no Oscar. Confira abaixo o papo!
Como vocês quebraram esta barreira de gênero na Pixar? Havia uma conscientização que isto seria uma quebra de tabu?
Domee Shi: É, sem dúvida, uma primeira vez para a Pixar. Este é o primeiro filme dirigido por uma mulher, mas não foi uma coisa muito programada, e tampouco havia aquele sentimento de ser uma barreira. Eles gostaram da ideia e apoiaram o projeto, como tantos outros.
Becky Neiman-Cob: Acho que foi a coisa certa na hora certa. É impressionante mesmo, não estávamos pensando na quebra de paradigmas. Estávamos animadas com a ideia de Bao e sabíamos que era um projeto interessante. Obviamente, é uma honra sermos as primeiras a fazer isso dentro da Pixar, mas não era esse o objetivo principal.
Qual foi a ideia por trás de Bao? Tinha algo da sua criação, Shi?
Domee Shi: Bao tem um pouco da minha vida em sua inspiração, é claro. Meus pais são chineses, sou filha única. Cresci em Toronto mas fui criada na cultura chinesa. E quando eu era pequena meus pais sempre me tratavam com muito cuidado. Eu brinco que parecia um dumplin, por isso essa escolha para Bao. Era como uma coisa muito preciosa que eles tinham que proteger e manter a salvo.
O filme tem sido super bem recebido pela crítica e pelo público no mundo inteiro. Como vocês percebem essa aceitação na indústria?
Becky Neiman-Cob: O filme celebra a cultura chinesa, claro. Mas acho o que esses personagens passam e sentem é algo que será familiar para qualquer cultura que tenha laços fortes de família ou uma interação grande com a comida.
Domee Shi: A gente procurou capturar o relacionamento entre pais e filhos. Sobre saber deixar o seu filho crescer e sair de casa. Isso é algo universal.