“Sempre duvidaram do meu trabalho por ser mulher ou bonitinha”, diz Cris Dias
Presença marcante na cobertura esportiva da TV Globo, jornalista fala sobre os desafios e sonhos como mulher e comunicadora
Cris Dias é um dos principais rostos do jornalismo esportivo da TV Globo. Com coberturas de Copa do Mundo e Olimpíada no currículo, a jornalista atualmente é vista diariamente no bloco de esportes do Bom Dia Brasil e na edição nacional do Globo Esporte.
“Não, nunca esperei chegar onde cheguei. Sonhei muito, acreditei e batalhei. Me dá muito orgulho quando revejo a minha trajetória”, contou ela a Versatille em entrevista exclusiva, destacando que o sucesso veio apesar do machismo em sociedade.
“Sempre duvidaram do meu trabalho por ser mulher ou bonitinha. Você precisa provar mais”, disse Dias. Aos 38 anos, ela acredita que está vivendo o seu melhor momento também na vida pessoal, como mulher.
“Acho que a maturidade só me fez bem. Fisicamente, por incrível que pareça, mas sobretudo, mental e espiritualmente. Tem coisa melhor que paz de espírito?”, indaga – retoricamente.
Confira abaixo a entrevista completa.
Cris, fazendo uma retrospectiva da carreira, qual seria o momento que mais te dá orgulho?
São muitos os momentos pra destacar. Mas a Olimpíada do Rio foi especial, por estarmos ali, vendo a história acontecer. E contando tudo isso vivo e interagindo com os personagens dessa história, num dos maiores jornais da emissora. Ao contrário do que esperavam, foi lindo. Então, é o meu momento marcante.
Você se imaginava chegar no estágio que chegou como comunicadora?
Não, nunca esperei chegar onde cheguei. Sonhei muito, acreditei e batalhei. Me dá muito orgulho quando revejo a minha trajetória.
E como mulher, na vida pessoal? Imaginamos que você vá responder o nascimento do seu filho.
Sem dúvida, acertaram! (risos)
Então, perguntamos: como é a Cris Dias como mãe do Gabriel?
Olha, sou uma mãe muito parceira e moleca: ando de skate com ele, levo pro kitesurf, prestigio os jogos de futebol. Adoro esse universo. Sou uma mãe de menino muito feliz. Mas coloco limites, porque amar não é permitir que o filho faça tudo. Quando preciso impor limites, faço isso na conversa, explico e, se preciso, sou mais enérgica. Mas eu e Gabriel nos entendemos muito bem. É o meu parceirinho de vida. E quero passar valores pra que ele seja um homem empático e respeitoso.
Na cobertura da Copa do Mundo da Rússia, muitas mulheres tiveram destaque, como você, Fernanda Gentil, Ana Paula Araújo. Você acha que esse é o momento diferente das mulheres na sociedade e no jornalismo? O que mudou desde o início da sua profissão?Acredito que as mulheres entenderam que precisam se unir e se empoderar. E o que estamos vendo é a evolução dessa trajetória, que veio numa crescente. O que mudou? As mulheres não tem mais tolerância ou vergonha de abrir a boca quando algo as incomoda. E isso sim é o verdadeiro empoderamento! Só falando vamos conscientizar e mudar esses paradigmas.
Você sofreu ou presenciou machismo no jornalismo esportivo? A representatividade feminina é a solução para os problemas de preconceito?
Não diretamente, mas sempre duvidaram do meu trabalho por ser mulher ou bonitinha. Você precisa provar mais. E já presenciei e ouvi falar de casos lamentáveis de machismo. Mas a coisa tá mudando.
Recentemente, você fez uma série de reportagens para o Globo Esporte com o kitesurf. Qual é a sua relação com os esportes radicais?
Eu sou apaixonada por adrenalina. Desde pequena. Saltei de bunggee jump aos 16 escondida da minha mãe. Antes da Globo, apresentei um quadro de esportes radicais na tve. Amo. Pratico. E agora arrumei um amor radical que eh o Kite. E não largo mais. Serei uma coroa radical! (risos)
Muitos jornalistas esportivos foram parar no entretenimento. É uma vontade sua?
Olha, não paro muito pra pensar nisso. Mas seria interessante. Acho bacana e já estive por lá algumas vezes. Quem sabe um dia…
Aos 38 anos, você tem uma carreira sólida e está em ótima forma. A chegada dos 40 muda algo na sua rotina ou nos planos de vida?
A única diferente é que farei um festão dos quarentão! De resto, acho que a maturidade só me fez bem. Fisicamente, por incrível que pareça, mas sobretudo, mental e espiritualmente. Tem coisa melhor que paz de espírito? Essa luz emana de dentro pra fora. E é nesse tipo de beleza que eu acredito.