Há Porsches de vários tipos. E há o 911, que é considerado o suprassumo pelo próprio fabricante. Dinamicamente, o Porsche 718 Cayman, que tem motor central, entre os eixos, é mais fácil de dirigir do que o Porsche 911, que tem o motor “pendurado” na traseira. Mas a marca alemã não deixa a peteca cair e dota o 911 do máximo em eletrônica para que ele siga insuperável. Dentro da linha 911, o máximo em desempenho está no GT3 RS.

 

O Porsche GT3 tem esse nome porque é homologado para os campeonatos da categoria GT3 (Grã-Turismo). O novo Porsche 911 GT3 é tão poderoso em desempenho que baixou em 17 segundos o tempo da volta de seu antecessor no circuito de Nurburgring, Alemanha. Mas a Porsche queria dar mais aos seus clientes. E no dia 17 de agosto de 2022, lançou globalmente o novo GT3 RS.

 

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O visual do modelo de lançamento não deixa enganar: trata-se de um carro de corrida. Mesmo! Ou seja: o Porsche GT3 RS é o veículo mais próximo de um carro de corrida que pode ser usado nas estradas e ruas sem infringir as leis de trânsito. Não parece, mas o novo GT3 RS é homologado para rodar no trânsito. Por isso, neste aniversário de Versatille, escolhemos este carro para ser a cereja do bolo.

 

Visualmente, o que mais chama atenção no Porsche GT3 RS é o enorme aerofólio traseiro. Não se trata de um enfeite, e sim de um elemento fundamental para que o carro possa grudar no chão em curvas de alta velocidade sem perder a traseira. Claro, é preciso ser habilidoso para conduzir um 911 GT3 RS. Por isso dissemos que ele é um Porsche para campeões.

 

 

Quem tem um Porsche 911 GT3 RS é um campeão. Se não das pistas, pelo menos do bom gosto. Exclusivíssimo, o novo GT3 RS custa R$ 1,769 milhão de reais. É o melhor que seu dinheiro pode comprar se o objetivo é ter o máximo desempenho. O motor tem 525 cv de potência. Turbo? Não. É um aspirado raiz, de alta rotação, com genes de corrida, leve e com relação direta com o modelo GT3 R, esse sim para corridas oficiais.

 

O novo Porsche 911 GT3 RS tem um refrigerador central inspirado no carro que ganhou sua classe nas 24 Horas de Le Mans, o 911 RSR. Ao invés de três coolers, há um grande cooler central na parte frontal disposto em posição diagonal. Sim, é onde fica o pequeno porta-malas dos 911 “comuns”. Assim, a Porsche ganhou espaço para integrar elementos aerodinâmicos ativos. Ou seja, o carro tem asas infinitamente ajustáveis na frente e na traseira, que atuam combinadas com outras soluções aerodinâmicas.

 

 

Para quem busca um carro de alta performance, um motor potente, pouco peso e ótima aerodinâmica são fundamentais. Para dar uma ideia, o novo 911 GT3 RS tem uma força descendente de 409 kg a 200 km/h. Em outras palavras: quando o carro está a 200 km/h, a força que o empurra para baixo é de 409 kg, por isso o veículo fica grudado no chão e faz curvas sem perder a estabilidade. Mas isso não é tudo. A 285 km/h, o downforce do GT3 RS é de incríveis 860 kg.

 

O excesso de arrasto, entretanto, pode segurar o carro nas retas. Por isso, pela primeira vez, um Porsche de produção vem com o sistema DRS, que nos carros de Fórmula 1, é chamado de “asa móvel”. Nas frenagens de emergência, os freios aerodinâmicos são ativados, ajudando os freios das rodas. Não é muito diferente do que faz um avião quando pousa e abre vários elementos aerodinâmicos das asas durante a frenagem.

 

Falar sobre um Porsche 911 GT3 RS é falar basicamente do máximo em potência e aerodinâmica. O carro não foi feito para ser confortável. Para isso existem outros Porsche. O 911 GT3 RS é feito para brilhar nos “track days” e para deixar os outros carros em segundo plano. O capô dianteiro, por exemplo, tem grandes “narinas” para passar o ar do refrigerador central. As aletas no teto direcionam o ar para fora. Isso permite que o ar que alimenta o motor junto com o combustível, na traseira, seja mais frio.

 

 

O cliente não vê, mas essa troca de ar de diferentes temperaturas é uma das razões do desempenho do Porsche 911 GT3 RS. Até mesmo as caixas de rodas traseiras são equipadas com um entalhe e uma lâmina lateral para garantir um fluxo de ar otimizado. O ar que passa por baixo do carro também é importante, por isso a Porsche mexeu no difusor traseiro do 911 GT3 RS.

 

A Porsche também fez importantes modificações nas suspensões e nas barras aerodinâmicas. Alguns elementos são usados apenas no automobilismo de alta classe, mas estão no GT3 RS. O cupê de duas portas oferece três modos de condução: Normal, Sport e Track. Neste último, que é o modo de pista, as configurações básicas podem ser ajustadas individualmente por cada motorista. Há vários estágios, por exemplo, para o movimento dos amortecedores. Vários ajustes estão no próprio volante, bem à mão do motorista.

 

Claro que, como todo carro moderno, mesmo feito com o conceito de automobilismo, o novo Porsche 911 GT3 RS também oferece displays digitais e eles são configuráveis. Se o motorista quiser, pode deixar as telas somente com as informações essenciais do carro. Afinal, em altas velocidades, quanto menos desvios de atenção, melhor. 

 

 

O motor do Porsche 911 GT3 RS é um 4.0 de seis cilindros boxer, ou seja, há três cilindros de cada lado e eles estão em posição horizontal (não em V ou em linha). O câmbio automático de 7 marchas é considerado uma joia da engenharia automobilística. Ele é conhecido como PDK, pois esta é a sigla de Porsche Doppelkupplung (Acoplamento Duplo da Porsche ou dupla embreagem).

 

Assim como na parte aerodinâmica e nas suspensões, muitos itens do motor vêm do automobilismo. Com o uso de materiais leves de alta resistência, a Porsche conseguiu deixar o carro com apenas 1.450 kg. Sabe o que é isso? Sua relação peso/potência é de apenas 2,76 kg/cv. Fantástico. O torque é de 465 Nm. Por isso, o novo GT3 RS acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,2 segundos e atinge 296 km/h de velocidade máxima. Mas não pense que a potência e o torque vêm de graça: é preciso levar o motor a 8.500 rpm para extrair a cavalaria máxima e a 9.000 giros para dispor da força total. Isso significa sair dirigindo como um alucinado, por isso não são todos os clientes que conseguem tirar tudo de um 911 GT3 RS. 

 

Os freios são de cerâmica, com discos enormes, maiores e mais espessos do que já eram, pois é preciso alta capacidade e resistência ao calor para segurar este foguete embalado. Os discos dianteiros foram aumentados para 410 mm, e os traseiros agora têm 390 mm. Nas rodas e pneus acontece o contrário – são maiores e mais largos atrás, pois com tanta potência, o carro tenderia a escapar de traseira. Os pneus dianteiros têm medida 275/35 em rodas de 20”, e os traseiros são 335/30 em rodas de 21”. Ou seja: a largura dos pneus traseiros é maior do que uma régua escolar (30 cm).

 

 

O interior do Porsche GT3 RS é clássico, em couro preto e carbono visível. O cinto do motorista é de seis pontos, pois faz parte do pacote Clubsport, que a Porsche incluiu sem custo adicional para os clientes do Brasil (há ainda barra estabilizadora de aço e extintor de incêndio de 2 kg). Acredite se quiser, é possível “apimentar” ainda mais o GT3 RS com o pacote Weissach, que tem custo extra, com mais carbono visível e algumas peças com materiais ultraleves e resistentes. Só este pacote Weissach custa R$ 275.659 (o que elevaria o preço do carro a quase R$ 2,045 milhões).

 

Finalmente, como não poderia faltar num Porsche, a marcação do tempo é fundamental. Por isso, a fábrica de relógios da Porsche em Solothum, na Suíça, desenvolveu um relógio mecânico reservado exclusivamente aos proprietários do veículo. A base do cronógrafo 911 GT3 RS tem a caixa jateada com contas de vidro feita de titânio natural ou titânio preto com uma coroa aparafusada. É ou não é um Porsche para campeões? 

 

Por Sergio Quintanilha | Matéria publicada na edição 128 da Versatille